sábado, 23 de junho de 2007

[...Fim...]

O Mov.Poesiar tem estado parado nos últimos tempos. O que se avistava estar longe acabou por chegar ainda mais cedo. Damos por findo o trabalho desenvolvido até aqui, para renascer, dentro em breve com um novo nome, mais internacional, com novos poemas e poetas - porventura a escolha passará a ser temática ou épocal. Por fim: num novo servidor. Portanto, até breve, Camaradas.

Mov.Poesiar

terça-feira, 3 de abril de 2007

[...PAUL VALÉRY...]



















Les pas

Tes pas, enfants de mon silence,
Saintement, lentement placés,
Vers le lit de ma vigilance
Procèdent muets et glacés.

Personne pure, ombre divine,
Qu'ils sont doux, tes pas retenus!
Dieux!... tous les dons que je devine
Viennent à moi sur ce pieds nus!

Si, des tes lèvres avancées,
Tu prépares pour l'apaiser,
A l'habitant de mes pensées
La nouritoure d'un baiser,

Ne hâte pas cet acte tendre,
Douceur d'être et de n'être pas,
Car je vécu de vous attendre,
Et mon coeur n'etait vous pas.

Paul Valéry (1871-1945), Charmes (1922) [Trad. em espanhol aqui.]

[...MIGUEL UNAMUNO...]



















A vida da morte

Ouvir chover não mais, sentir-me vivo;
o universo convertido em bruma
e em cima a consciência como espuma
por onde os compassados gestos erivo.

Morto em mim tudo quanto seja activo,
enquanto tudo a visão a chuva esfuma,
e lá em baixo o abismo em que se suma
da clepsidra a água; e o arquivo

desta memória, de lembranças mudo;
o ânimo saciado em inércia forte;
sem lança e por isso já sem escudo,

tudo à mercê dos vendavais da sorte;
este viver, que é viver desnudo,
- não é acaso já o viver da morte?

Miguel de Unamuno [trad. José Bento], Antologia de Poesia Contemporânea Espanhola (1985)

sexta-feira, 30 de março de 2007

[...FERNANDO GUERREIRO...]








Essai sur les révolutions

Incerto, só o sentimento pode ser levado a sério
para, de onde refluiu, se precipitar - caudal de rio
que ignora o destino - no seu inglório curso. Perplexo,
talvez alguém se inquiete sobre o que foram as batalhas
do século e se apresse a construir, diante dos escombros,
o túmulo do futuro. Estranhas carapaças parecem
então os prédios - silos, a céu aberto, em que se
simicerram os restos com que se armadilham
no pensamento os crepúsculos do sentido.
«Le mal, le grand mal est que nous ne sommes
point de notre siècle» - escreve alguém, errando
as épocas e confundindo o fim do romantismo
com o princípio do destino. Tudo estratégias,
sabe-se, de justificar com a vida o mal da literatura.

Fernando Guerreiro (1950-), Teoria da Revolução (2001)

[...MIGUEL TORGA...]


















Orfeu Rebelde


Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade no meu sofrimento.

Outros, felizes, sejam rouxinóis…
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que há gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.


Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo de um poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legítima defesa
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.


Miguel Torga (1907-1995), Orfeu Rebelde (1958)

[...JORGE LUIS BORGES...]















Borges y yo

Al otro, a Borges, es a quien le ocurren las cosas. Yo camino por Buenos Aires y me demoro, acaso ya mecánicamente, para mirar el arco de un zaguán y la puerta cancel; de Borges tengo noticias por el correo y veo su nombre en una terna de profesores o en un deccionario biográfico. Me gustan los relojes de arena, los mapas, la tipografia del siglo XVIII, las etimologías, el sabor del café y la prosa de Stevenson; el otro comparte esa preferencias, pero de un modo vanidoso que las convierte en atributos de un actor. Sería exagerado afirmar que nuestra relación es hostil; yo vivo, yo me dejo vivir, para que Borges pueda tramar su literatura y esa literatura me justifica. Nada me cuesta confesar que ha logrado ciertas páginas válidas, pero esas páginas no me pueden salvar, quizá porque lo bueno ya no es de nadie, ni siquiera del otro, sino del lenguaje o la tradición. Por lo demás, yo estoy destinado a perderme, definitivamente, y sólo algún instante de mí podrá sobrevivir en el otro. Poco a poco voy cediéndole todo, aunque me consta su perversa costubre de falsear y magnificar. Spinoza entendió que todas las cosas quieren perseverar en su ser; la piedra eternamente quiere ser piedra y el tigre un tigre. Yo he de quedar en Borges, no en mí (si es alguien soy), pero me reconozco menos en sus libros que ne muchos otros o que en el laborioso rasgueo de una guitarra. Hace años yo traté de él y pasé de las mitologías del arrabal a los juegos con el tiempo y con lo infinito, pero esos juegos son de Borges ahora y tendré que idear otras cosas. Así mi vida es una fuga y todo lo pierdo y todo es del olvido, o del otro.
No sé cuál de los dos escribe esta página.

Jorge Luis Borges (1899-1986), Antologia Personal (1961)

segunda-feira, 26 de março de 2007

[...LANGSTON HUGHES...]
























The negro speaks of rivers

I've know rivers:
I've know rivers ancient as the world and older than the
flow of human blood in human veins.

My soul has grown deep like the rivers.

I bathed in the Euphrates when dawns were young.
I built my hut near the Congo and it lulled me to sleep.
I looked upon the Nile and raised the pyramids above it.
I heard the singing of the Mississipi when Abe Lincoln
went down to New Orleans*, and I've seen its muddy
bosom turn all golden in the sunset.

I've know rivers:
Ancient, dusky rivers.

My soul has grown deep like the rivers.

Langston Hughes (1902-1967), The Collected Poems of Langston Hughes (1994)

* A determinação de Lincoln de pôr fim à escravatura, diz-se, terá começado quando, ainda jovem, visitou Nova Orleães pela primeira vez. [aqui]

sexta-feira, 23 de março de 2007

[...MARIA TERESA HORTA...]


















Ponto de honra

Não sou escrava
de lamento
nem tento ferida
de enfeite

nem uso a raiva
que tenho
como um alfange
no peito

Não talho o sangue
nas pedras

nem uso palavras
de ódio

e não quero anéis
de aceite
para enfeitar os meus olhos

Maria Teresa Horta (1937-), Minha Senhora de Mim (1971)

[...WALLACE STEVENS...]
















Table talk

Granted, we die for good.
Life, then, is largely a thing
Of happens to like, not should.

And that, too, granted, why
Do I happen to like red bush,
Gray grass and green-gray sky?

What else remains? But red,
Gray, green, why those of all?
That is not what I said:

Not those of all. But those.
One likes what one happens to like.
One likes the way red grows.

It cannot matter at all.
Happens to like is one
Of the ways things happen to fall.

Wallace Stevens (1879-1955), Opus Posthumous (1957)

quarta-feira, 21 de março de 2007

[...FRIEDRICH HöLDERLIN...]

















Curso de Vida

Coisas maiores querias tu também, mas o amor
A todos vence, a dor curva ainda mais,
E não é em vão que o nosso círculo
Volta ao ponto donde veio!

Para cima ou para baixo! Não sopra a noite sagrada,
Onde a Natureza muda medita dias futuros,
Não domina no Orco mais torto
Um direito, uma justiça também?

Foi isto que aprendi. Pois nunca, como os mestres mortais,
Vós, ó Celestiais, ó Deuses que tudo mantendes,
Que eu saiba, nunca com cuidado
Me guiastes por caminho plano.

Tudo experimente o homem, dizem os deuses,
Que ele, alimentado com forte mantença, aprenda a ser
[grato por tudo,
E compreenda a liberdade
De partir para onde queira.

Friedrich Holderlin (1770-1843) [trad. Paulo Quintela]

[...FRIEDRICH SCHILLER...]




















A Luva

Frente ao seu parque de leões,
Aguardando o combate,
Sentado estava o rei Francisco.
E a seu lado os grandes da coroa,
E ainda, em redor, na alta galeria,
As damas, em magnífica grinalda.

E como faz sinal a mão do soberano,
Logo se abre a grande jaula,
E avança um leão
A passo ponderado.
Silencioso,
Lança à volta um olhar,
Com um bocejo prolongado,
E sacode a juba,
E distende os membros,
E na arena se deita.

E novamente faz sinal o rei.
Então se abre ligeira
Um segunda porta.
De súbito,
Com um salto selvagem
Surge, correndo, um tigre.
Como descobre o leão
Ruge ruidosamente;
Bate com a cauda,
Descrevendo um círculo terrível.
E estende a língua,
E vai, em volta, receoso,
Rodeando o leão,
Rosnando, furioso.
Depois estende-se, resmungando,
Ao seu lado, no chão.

E novamente faz sinal o rei.
Eis que da jaula se abrem duas portas:
Dois leopardos saem, simultâneos,
Que sobre o tigre se lançam,
Com bravo ardor de combate.
A fera os prende em suas garras ferozes.
Endireita-se o leão, com um rugido,
- Faz-se em silêncio -
E à sua volta,
Ardendo em sede de sangue,
Estendem-se os terríficos felinos.
Do varandim da galeria,
Eis que uma luva de mão formosa
Cai, entre o leão e o tigre,
A igual distância, entre um e outro.

E voltando-se para o cavaleiro Delorges,
A jovem Cunegunda diz-lhe em troça:
«Senhor cavaleiro, se é tão ardente
O vosso amor por mim, como jurais
A cada instante, ide buscar a minha luva.»

E o cavaleiro, prontamente,
À arena assustadora desce
Em passos firmes.
E, do local monstruoso,
Com a mão audaciosa apanha a luva.

E com espanto, e com temor, olham para ele
Os cavaleiros e as nobres damas.
De espírito sereno, a luva traz de volta.
Nascem em cada boca palavras de louvor.
Porém, com terno olhar de amor,
(Promessa de uma próxima felicidade),
Recebe-o a jovem Cunegunda.
E ele atira a luva ao rosto feminino:
«A vossa gratidão, não a pretendo.»
E no próprio momento se retira.

Friedrich Schiller (1759-1805)

segunda-feira, 19 de março de 2007

[...SUGESTÕES...]



















O Mov.Poesia.R tem sido francamente acarinhado. Estamos a crescer, neste momento contamos com 4/5 colaboradores. Sempre insuficientes, naturalmente. Pelo que, a todas e todos, que estiverem interessandas/os podem [devem] enviar as vossas sugestões por mail. Ou fazer uma espera pelos corredores da FLUC. Ou pelas ruas de Condeixa. O no prédio ao lado do vosso. Ou ainda à porta da cabeleireira. Ou noutro sítio qualquer que tenhamos poesiado, cujo local já não nos lembramos. Enfim. A A POESIA ESTÁ NA RUA. E, com a ajuda de todas e todos, na boca do Mundo.

Mov.Poesia.R

sexta-feira, 16 de março de 2007

[...WALLACE STEVENS...]






















The Snow Man


One must have a mind of winter

To regard the frost and the boughs
Of the pine-trees crusted with snow;

And have been could a long time

To behold the junipers shagged with ice,
The spruces rough in the distant glitter

Of the January sun; and not to think
Of any misery in the sound of the wind,
In the sound of a few leaves,

Which is the sound of the land

Full of the same wind
That is blowing in the same bare place


For the listener, who listens in the snow,
And, nothing himself, beholds

Nothings that is not there and the nothing that is.

Wallace Stevens (1879-1955)

quinta-feira, 15 de março de 2007

[...PAUL VERLAINE...]












A Arthur Rimbaud

Mortel, ange ET démon, autant dire Rimbaud,
Tu mérites la prime place en ce mien livre,
Bien que tel sot grimaud t'ait traité de ribaud
Imberbe et de monstre en herbe et de potache ivre.

Les spirales d'encens et les accords de luth
Signalent ton entrée au temple de mémoire
Et ton nom radieux chantera dans la gloire,
Parce que tu m'aimas ainsi qu'il le fallut.

Les femmes te verront grand jeune homme très fort,
Très beau d'une beauté paysanne et rusée,
Très désirable, d'une indolence qu'osée!

L'histoire t'a sculpté triomphant de la mort
Et jusqu'aux purs excès jouissant de la vie,
Tes pieds blancs posés sur la tête de L'Envie!

Paul Verlaine (1844-1896)

[...CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE...]




















Poema de sete faces


Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bode passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua mas
esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

[...GOETHE...]




















CANTO NOCTURNO DO VIANDANTE

Tu que és do Céu,
E todo o sofrimento e dor acalmas,
que ao duplamente infeliz
duplamente consolas
- Ah, estou cansado de tanta agitação!
De que servem a dor e o prazer?
Doce paz,
Vem, oh vem para o meu peito!

Goethe (1749-1832)

NOTA[S]: [1] Decidiu-se publicar o poema em português, pois, como é sabido, a norma ortográfica alemã apresenta variantes que o português desconhece. [2] Não é mencionado o tradutor, infelizmente por lapso do nosso mais recém colaborador, que tendo fotocopiado o poema, esqueceu-se da respectiva ficha técnica. As nossa mais sinceras desculpas.

domingo, 11 de março de 2007

[...W. B. YEATS...]
















Parting

He:

Dear, I must be gone
While night shuts the eyes
Of the household spies;
That song announces dawn.

She:

No, night's bird and love's
Bids all true lovers rest,
While his loud song reproves
The murderous stealih of day.

He:

Daylight alreadu flies
From mountain crest to crest.

She:

That light is from the moon.

He:

That bird...

She:

Let him sing on,
I offer love's play
My dark declivites.

W. B. Yeats (1865-1939)

[...SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN...]




















Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

quinta-feira, 8 de março de 2007

[...CAMILO PESSANHA...]
















Quem poluiu, quem rasgou os meu lençóis de linho,
Onde esperei morrer - meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Quem quebrou (que furor cruel e semiesco!)
A mesa de eu cear - tabua tosca de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?
- Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!... Nem te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais,
Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,
De noite a mendigar às portas dos casais.

Camilo Pessanha (1867-1926)

[...EUGÉNIO DE ANDRADE...]















Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava, mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no meu tempo em que os meus olhos
eram realmente verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus

Eugénio de Andrade (1923-2005)

domingo, 4 de março de 2007

[...PAUL VERLAINE...]














Il pleure dans mon coeur


Il pleure dans mon coeur

Comme il pleut sur la ville;

Quelle est cette languer
Qui pénètre mon coeur?

Ô bruit doux de la pluie
Par terre et sur les toits!
Pour un coeur qui s'ennuie,
Ô le chant de la pluie!

Il pleure sans raison
Dans ce coeur que s'écoeure.
Quoi! nulle trahison?...
Ce deuil est sans raison.

C'est bien la pire peine

De ne savoir porquoi
Sans amour et sans haine
Mon coeur a tant de peine!

Paul Verlaine (1844-1896)

[...GUILLAUME APOLLINAIRE...]









Le Pont Mirabeau

Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu'il m'en souvienne
La joie venait toujours après la peine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Les mains dans les mains restons face à face
Tandis que sous
Le pont de nos bras passe
Des éternels regards l'onde si lasse

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

L'amour s'en va comme cette eau courante
L'amour s'en va
Comme la vie est lente
Et comme l'Espérance est violente

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine

Guillaume Apollinaire (1880-1918)

sexta-feira, 2 de março de 2007

[...LUÍSA NETO JORGE...]









A Magnólia

A exaltação do mínimo,
E o magnífico relâmpago
Do acontecimento mestre
Restituem-me a forma
E o meu esplendor.

Um diminuto berço me recolhe
Onde a palavra se elide
Na matéria - na metáfora -
Necessária, e leve, a cada um
Onde se escoa e resvala.

A magnólia,
O som que se desenvolve nela,
Quando pronunciada,
É um exaltado aroma
Perdido na tempestade,

Um mínimo ente magnífico
Desfolhando relâmpagos
Sobre mim.

Luísa Neto Jorge (1939-1989)

quinta-feira, 1 de março de 2007

[...COMO AJUDAR...]

Toda a ajuda é bem vinda. O Mov.Poesia.R tendo como objectivo primário aculturar as massas, disponibiliza, no lado direito do blogue, um link donde se pode fazer o donwload dos cartazes [em formato A4] que vamos colando pelo mundo. Não há regras quanto aos locais a colar. A poesia é de todos e para todos. A imaginação, porventura, será o última barreira. Contamos consigo para a derrubar.

Mov.Poesia.R

[...APRESENTAÇÃO...]

MOV.POESIA.R [MOVIMENTO A POESIA ESTÁ NA RUA].

Anónimo.
Sem Rosto.
Eu.
Tu.
Ele.
Nós.
Vós.
Eles.
Independente.
Sem pátria.
Sem líder.

Poesia.
Somente Poesia.

Portugesa.
Estrangeira.
Traduzida.
Mortos.
Vivos.

Poesia.
Somente Poesia.

Ruas. Cafés.
Teatros.
Elevadores.
Casas de banhos.
Quartos. Salas.
Postes.
Escolas.
Paredes.
Muros.
Berlim.
Coimbra.
Málaga.
Lisboa.
Ille.
Porto.
Évora.
Varsóvia.
Santiago do Cacém.
Sofia.
Europa.
Mundo.

Poesia.
Somente Poesia.

Mov.Poesia.R