sexta-feira, 30 de março de 2007

[...FERNANDO GUERREIRO...]








Essai sur les révolutions

Incerto, só o sentimento pode ser levado a sério
para, de onde refluiu, se precipitar - caudal de rio
que ignora o destino - no seu inglório curso. Perplexo,
talvez alguém se inquiete sobre o que foram as batalhas
do século e se apresse a construir, diante dos escombros,
o túmulo do futuro. Estranhas carapaças parecem
então os prédios - silos, a céu aberto, em que se
simicerram os restos com que se armadilham
no pensamento os crepúsculos do sentido.
«Le mal, le grand mal est que nous ne sommes
point de notre siècle» - escreve alguém, errando
as épocas e confundindo o fim do romantismo
com o princípio do destino. Tudo estratégias,
sabe-se, de justificar com a vida o mal da literatura.

Fernando Guerreiro (1950-), Teoria da Revolução (2001)

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